É possível reconhecer, na historiografia crítica brasileira da obra de Jorge Amado, pelo menos duas linhas interpretativas. E segundo aquela dos seus depreciadores, que tem longamente prevalecido, seria graças ao binômio estereótipos / best sellers, associados a outros ingredientes típicos da ficção ao gosto do mercado, que o escritor bahiano teria conseguido seu grande sucesso internacional. Ao ponto de (supostamente) tornar-se quase a única referência, no estrangeiro, da literatura brasileira do século XX, aparentemente percebida como a representação do maior país da América do Sul, mas reduzido ao carnaval do Rio, à miséria e violência. Porém, uma mais recente abordagem reconhece na obra amadiana o surgimento de uma literatura capaz de chamar a atenção diretamente para o povo, dando-lhe ao mesmo tempo voz e vez. Seguindo esta linha, e observando a origem anglo-saxônica das duas versões do estereótipo – ambas presentes, traduzidas para o português, no romance O Paíz do Carnaval (1931) – é lógico supor que o jovem Amado as tenha usadas como fundamentação linguística da sua primeira denúncia no contexto histórico da Revolução de 30.
O Paíz do Carnaval: a alcunha recusada por Jorge Amado
Bagno Sandra
2018
Abstract
É possível reconhecer, na historiografia crítica brasileira da obra de Jorge Amado, pelo menos duas linhas interpretativas. E segundo aquela dos seus depreciadores, que tem longamente prevalecido, seria graças ao binômio estereótipos / best sellers, associados a outros ingredientes típicos da ficção ao gosto do mercado, que o escritor bahiano teria conseguido seu grande sucesso internacional. Ao ponto de (supostamente) tornar-se quase a única referência, no estrangeiro, da literatura brasileira do século XX, aparentemente percebida como a representação do maior país da América do Sul, mas reduzido ao carnaval do Rio, à miséria e violência. Porém, uma mais recente abordagem reconhece na obra amadiana o surgimento de uma literatura capaz de chamar a atenção diretamente para o povo, dando-lhe ao mesmo tempo voz e vez. Seguindo esta linha, e observando a origem anglo-saxônica das duas versões do estereótipo – ambas presentes, traduzidas para o português, no romance O Paíz do Carnaval (1931) – é lógico supor que o jovem Amado as tenha usadas como fundamentação linguística da sua primeira denúncia no contexto histórico da Revolução de 30.File | Dimensione | Formato | |
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