“Literatura de manicómio” é, stricto sensu, a definição que a imprensa portuguesa de 1915 cunha para defnir a literatura produzida pelo restrito mas heterogéneo grupo de figuras excêntricas que se definem poetas e frequentam os cafés da Baixa lisboeta – entre os quais, Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, Armando Côrtes-Rodrigues, José de Almada Negreiros e Raul Leal – e que veem nos dois números da revista Orpheu o instrumento privilegiado através do qual podiam difundir, no próprio país, a ideia de Europa que vive na sua alma e desenhar os seus pensamentos, tomando forma nos seus versos e nos seus escritos. Mas, precisamente pelos princípios comuns que a informam e o tipo de receção que a caracteriza, a etiqueta “literatura de manicómio” pode ser alargada, sensu lato, também a toda a literatura vanguardista de carga poderosa e perversiva que atinge não só Portugal, mas também a Europa, na década que vai de 1909-1910 a 1920, e que nasce em Paris, na altura um autêntico espaço catalisador dos novos fermentos culturais, com uma série de obras e eventos dignos de nota.

Uma literatura de manicómio

B. Gori
2024

Abstract

“Literatura de manicómio” é, stricto sensu, a definição que a imprensa portuguesa de 1915 cunha para defnir a literatura produzida pelo restrito mas heterogéneo grupo de figuras excêntricas que se definem poetas e frequentam os cafés da Baixa lisboeta – entre os quais, Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, Armando Côrtes-Rodrigues, José de Almada Negreiros e Raul Leal – e que veem nos dois números da revista Orpheu o instrumento privilegiado através do qual podiam difundir, no próprio país, a ideia de Europa que vive na sua alma e desenhar os seus pensamentos, tomando forma nos seus versos e nos seus escritos. Mas, precisamente pelos princípios comuns que a informam e o tipo de receção que a caracteriza, a etiqueta “literatura de manicómio” pode ser alargada, sensu lato, também a toda a literatura vanguardista de carga poderosa e perversiva que atinge não só Portugal, mas também a Europa, na década que vai de 1909-1910 a 1920, e que nasce em Paris, na altura um autêntico espaço catalisador dos novos fermentos culturais, com uma série de obras e eventos dignos de nota.
2024
História Global da Literatura Portuguesa - VI: Com golpe de asa (Idade dos Ismos)
978-989-644-857-8
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