Seguindo o conselho de Teixeira de Sousa, em resposta à entrevista feita por Michel Laban, penso que debruçarmo-nos sobre as cartas escritas antes da Independência de Cabo Verde, em 1975, pode ser uma forma válida de verificação da interferência linguística do português no crioulo cabo-verdiano escrito. Por esse motivo, gostaríamos, pois, de analisar duas epístolas publicadas no romance Chiquinho (1947) de Baltasar Lopes e de compará-las com outros exemplares de cartas escritas por falantes de crioulo cabo-verdiano que possuem apenas a escolaridade obrigatória primária e que nasceram entre os anos 20 e 40 do século XX. Existem exemplos bastante evidentes de interferência linguística e de sobreposição gramatical. Isso vê-se nas frases que Baltasar Lopes recria no seu romance, fazendo-nos ver não uma agramaticalidade do português, como os tradutores do romance defendem e aplicaram nas respetivas línguas. Deste modo, propomo-nos verificar até que ponto as noções mínimas do português escrito elementar interferiram ou interferem ainda hoje na redação de breves textos com mera intenção comunicativa. Tal interferência linguística mostrará o grau elevado, ou não, do substrato crioulo na redação do português.
As epístolas cabo-verdianas: interferências e (des)encontros entre o português e o cabo-verdiano
Maria da Graça Gomes de Pina
2019
Abstract
Seguindo o conselho de Teixeira de Sousa, em resposta à entrevista feita por Michel Laban, penso que debruçarmo-nos sobre as cartas escritas antes da Independência de Cabo Verde, em 1975, pode ser uma forma válida de verificação da interferência linguística do português no crioulo cabo-verdiano escrito. Por esse motivo, gostaríamos, pois, de analisar duas epístolas publicadas no romance Chiquinho (1947) de Baltasar Lopes e de compará-las com outros exemplares de cartas escritas por falantes de crioulo cabo-verdiano que possuem apenas a escolaridade obrigatória primária e que nasceram entre os anos 20 e 40 do século XX. Existem exemplos bastante evidentes de interferência linguística e de sobreposição gramatical. Isso vê-se nas frases que Baltasar Lopes recria no seu romance, fazendo-nos ver não uma agramaticalidade do português, como os tradutores do romance defendem e aplicaram nas respetivas línguas. Deste modo, propomo-nos verificar até que ponto as noções mínimas do português escrito elementar interferiram ou interferem ainda hoje na redação de breves textos com mera intenção comunicativa. Tal interferência linguística mostrará o grau elevado, ou não, do substrato crioulo na redação do português.Pubblicazioni consigliate
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