Os ‘verdes anos’ na poesia de Alda Lara

Segundo testemunho do marido, Orlando de Albuquerque, e de todos os que com ela privaram, Alda Lara dedicou a sua existência ao próximo, com uma espécie de abnegação quase total. A poetisa concebia a sua vida como a arma com a qual combater por aquele “Mundo impossível de existir”, nas suas palavras, razão pela qual a sua atenção se debruçou desde sempre sobre o ser humano frágil (na verdade, tinha-se formado em Medicina, com especialização em Psiquiatria Infantil), fragilizado e oprimido. Nas poesias presentes no volume póstumo coligido pelo marido, há três construções poéticas dedicadas exclusivamente às crianças, revelando a enorme sensibilidade maternal da autora para com aqueles pequeninos seres que viriam a tornar-se os homens do futuro. Trata-se de poesias escritas na última década de vida da autora. O sujeito é a criança, filha ou não. O objetivo desta texto é analisar a mensagem pedagógica ínsita nas poesias em que o tema de fundo é a infância, tentando mostrar que nas referidas poesias, Alda Lara exterioriza não só um forte sentimento de humanidade, como também desenha uma linha educativa.