Meio de comunicação entre dois ou mais indivíduos, unidos por afetos, interesses, solidariedade de vários géneros, a carta deve ser considerada uma tipologia textual autónoma pelas soluções expressivas que origina, pelo uso peculiar que faz da língua relativamente a outros tipos de escrita exclusivamente públicos ou exclusivamente privados, pelas estratégias individuais e os registos comunicativos que utiliza. Alargando a perspectiva a uma história social amplamente considerada, a carta mostra-se também uma chave de acesso preciosa para estudar os confins entre o público e o privado, para compreender a evolução das relações e das atitudes, para medir a percepção que os escreventes possuem de si mesmos, do destinatário e, em geral, da contemporaneidade. O que se descobre através da análise das cartas que Teófilo Braga e Ernesto Monaci trocam entre 1873 e 1880 é uma relação de estima recíproca e intensa e de respeito mútuo que nasce da sua participação ativa nas mesmas atividades filológicos-literárias. Estas demonstram ser um documento de grande interesse histórico-cultural, além de linguístico, especialmente pelas informações que oferecem sobre o estado e a evolução das várias disciplinas e obras, sobre as relações pessoais entre os dois estudiosos e sobre a atividade científica dos dois eminentes académicos. A sombra da edição diplomática de 1875 do Canzoniere portoghese della Biblioteca Vaticana paira, como um gigante, sobre toda a correspondência.

Conversações filológico-literárias: a correspondência entre Ernesto Monaci (1844-1918) e Teófilo Braga (1843-1924)

B. Gori
2024

Abstract

Meio de comunicação entre dois ou mais indivíduos, unidos por afetos, interesses, solidariedade de vários géneros, a carta deve ser considerada uma tipologia textual autónoma pelas soluções expressivas que origina, pelo uso peculiar que faz da língua relativamente a outros tipos de escrita exclusivamente públicos ou exclusivamente privados, pelas estratégias individuais e os registos comunicativos que utiliza. Alargando a perspectiva a uma história social amplamente considerada, a carta mostra-se também uma chave de acesso preciosa para estudar os confins entre o público e o privado, para compreender a evolução das relações e das atitudes, para medir a percepção que os escreventes possuem de si mesmos, do destinatário e, em geral, da contemporaneidade. O que se descobre através da análise das cartas que Teófilo Braga e Ernesto Monaci trocam entre 1873 e 1880 é uma relação de estima recíproca e intensa e de respeito mútuo que nasce da sua participação ativa nas mesmas atividades filológicos-literárias. Estas demonstram ser um documento de grande interesse histórico-cultural, além de linguístico, especialmente pelas informações que oferecem sobre o estado e a evolução das várias disciplinas e obras, sobre as relações pessoais entre os dois estudiosos e sobre a atividade científica dos dois eminentes académicos. A sombra da edição diplomática de 1875 do Canzoniere portoghese della Biblioteca Vaticana paira, como um gigante, sobre toda a correspondência.
2024
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