“ O poder da imaginação trabalha com gosto sobre todas as cordas do violino": Memória e imigração judaica na ficção brasileira

Proponho uma releitura dos contos da coletânea "Arquitetura do Arco-Íris" (2004), com o objetivo de interpretar e analisar criticamente as tensões existentes entre memória e imigração judaica menos sob o ponto de vista documental, adotado pelos escritores da primeira geração de imigrantes, do que a partir da deambulação acerca dos relatos históricos e das experiências, enquanto percurso que viabiliza outras vertentes de interpretação e (re) imaginação do “fato” narrado, i.e., discorrendo sobre a autoridade autoral que se consolida na apropriação de reminiscências, inclusive as do outro. Além dos eventos recobrados pela memória individual, acumulam-se, nessas narrativas, diferentes universos representativos que compõem uma espécie de outra-memória-coletiva, i.e., uma pós-memória pertencente a essa segunda geração de imigrantes e construída tanto pelos elementos da cultura judaica — narrativas familiares herdadas, em particular sobre as diásporas — quanto pela formação educacional em outro território.