O presente contributo é dedicado à análise da relação Arte‑Vida na primeira produção em prosa de Mário de Sá‑Carneiro, em particular a algumas novelas da coleção Princípio. Neste estudo, os conceitos de Arte e Vida são considerados como topoi da literatura decadentista‑simbolista europeia e, por conseguinte, estudados e analisados como conceitos centrais e estruturantes da escrita de Sá‑Carneiro, razão pela qual a compreensão do significado e do papel deles se torna possível só se forem enquadrados num contexto temático e interpretativo mais complexo onde agem e interagem também outros conceitos e elementos. Antes de mais, entre estes, temos a Doença que, em Sá‑Carneiro,é sempre expressão de uma patologia espiritual e mental, a saber, a loucura, cuja presença não só é indício da tomada de consciência, por parte do protagonista, da realidade, como também é o elemento que distingue positivamente o protagonista da multidão; em seguida, o Amor, simbolizado pela figura feminina na sua dupla veste de mulher burguesa ou femme fatale; mulher que, por sua vez, como se verá, representa a irrupção da Vida na existência do protagonista, quem acelera o processo de decadência do homem, minando a sua estabilidade frágil e rompendo a couraça ténue que o protagonista construiu no tempo com fadiga, ao escapar da vida, isolar‑se e dedicar‑se à sua Arte, portanto, levando àquele que é o elemento que, no final, resumirá todos os outros, ou seja, à Morte, que representa o último ato da descida inevitável e inexorável do homem sacarneiriano para o trágico fim da sua existência.

A relação arte‑vida na primeira produção em prosa de Mário de Sá‑Carneiro

B. Gori
2018

Abstract

O presente contributo é dedicado à análise da relação Arte‑Vida na primeira produção em prosa de Mário de Sá‑Carneiro, em particular a algumas novelas da coleção Princípio. Neste estudo, os conceitos de Arte e Vida são considerados como topoi da literatura decadentista‑simbolista europeia e, por conseguinte, estudados e analisados como conceitos centrais e estruturantes da escrita de Sá‑Carneiro, razão pela qual a compreensão do significado e do papel deles se torna possível só se forem enquadrados num contexto temático e interpretativo mais complexo onde agem e interagem também outros conceitos e elementos. Antes de mais, entre estes, temos a Doença que, em Sá‑Carneiro,é sempre expressão de uma patologia espiritual e mental, a saber, a loucura, cuja presença não só é indício da tomada de consciência, por parte do protagonista, da realidade, como também é o elemento que distingue positivamente o protagonista da multidão; em seguida, o Amor, simbolizado pela figura feminina na sua dupla veste de mulher burguesa ou femme fatale; mulher que, por sua vez, como se verá, representa a irrupção da Vida na existência do protagonista, quem acelera o processo de decadência do homem, minando a sua estabilidade frágil e rompendo a couraça ténue que o protagonista construiu no tempo com fadiga, ao escapar da vida, isolar‑se e dedicar‑se à sua Arte, portanto, levando àquele que é o elemento que, no final, resumirá todos os outros, ou seja, à Morte, que representa o último ato da descida inevitável e inexorável do homem sacarneiriano para o trágico fim da sua existência.
2018
Quando eu morrer batam em latas. Mário de Sá-Carneiro, cem anos depois
9789895401857
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